HISTÓRICO
A pedagogia de emergência foi criada em 2006, quando Bernd Ruf, professor
Waldorf alemão especializado em crianças com deficiência, esteve no Líbano em
meio à guerra entre Israel e o Hezbollah para acompanhar o repatriamento de 21
jovens libaneses.
Os estudantes estavam na Alemanha num grande encontro promovido pela prefeitura de Stuttgart, com o apoio dos Amigos da Arte de Educar, quando o conflito foi deflagrado. Como os jovens não podiam voltar para sua terra natal, os organizadores do evento cuidaram de tudo para que eles pudessem ficar na Alemanha até a situação se tornar menos crítica. Mas os familiares dos estudantes imploravam pela volta de seus filhos, que também queriam retornar logo aos seus lares — no Líbano, diante de uma situação grave, os membros de uma família se reúnem para, se for o caso, morrerem juntos.
Foi feito um cuidadoso planejamento para que os adolescentes pudessem então retornar às suas casas em meio à guerra. A UNESCO emitiu um salvo-conduto para a viagem. Todos os detalhes foram acertados com as autoridades militares de Israel e do Líbano para que o repatriamento fosse realizado com segurança.
Os estudantes estavam na Alemanha num grande encontro promovido pela prefeitura de Stuttgart, com o apoio dos Amigos da Arte de Educar, quando o conflito foi deflagrado. Como os jovens não podiam voltar para sua terra natal, os organizadores do evento cuidaram de tudo para que eles pudessem ficar na Alemanha até a situação se tornar menos crítica. Mas os familiares dos estudantes imploravam pela volta de seus filhos, que também queriam retornar logo aos seus lares — no Líbano, diante de uma situação grave, os membros de uma família se reúnem para, se for o caso, morrerem juntos.
Foi feito um cuidadoso planejamento para que os adolescentes pudessem então retornar às suas casas em meio à guerra. A UNESCO emitiu um salvo-conduto para a viagem. Todos os detalhes foram acertados com as autoridades militares de Israel e do Líbano para que o repatriamento fosse realizado com segurança.
O professor Bernd Ruf acompanhou o grupo. Nascido em 1954, era a primeira vez
que tinha contato direto com os efeitos da guerra. Ficou chocado com a situação
das crianças libanesas, traumatizadas pelo conflito: estavam assustadas,
apáticas, pálidas, com olhar sem brilho e vazio, conforme descreve no livro
Destroços e Traumas – Embasamentos Antroposóficos para Intervenções com a Pedagogia de Emergência (Editora Antroposófica).
Destroços e Traumas – Embasamentos Antroposóficos para Intervenções com a Pedagogia de Emergência (Editora Antroposófica).
Graças à sua experiência, Ruf sabia que nas fases iniciais do trauma é
relativamente fácil ajudar uma criança a superar uma experiência difícil e
incorporá-la de forma positiva à própria biografia. Ele também tinha consciência
de que se demorasse muito, o trauma poderia se tornar crônico. O trabalho seria
mais difícil e as sequelas, mais graves.
O professor retornou para a Alemanha e, algumas semanas depois, embarcou novamente para Beirute, acompanhado de um grupo de pedagogos e terapeutas empenhados em utilizar os recursos da pedagogia Waldorf para ajudar a cicatrizar as feridas emocionais das crianças e jovens da região. Nascia assim o primeiro impulso da pedagogia de emergência.
O professor retornou para a Alemanha e, algumas semanas depois, embarcou novamente para Beirute, acompanhado de um grupo de pedagogos e terapeutas empenhados em utilizar os recursos da pedagogia Waldorf para ajudar a cicatrizar as feridas emocionais das crianças e jovens da região. Nascia assim o primeiro impulso da pedagogia de emergência.
ATUAÇÃO NO MUNDO
Uma intervenção de pedagogia de emergência normalmente conta com uma equipe de
dez a 15 voluntários. Assim que os pedagogos, educadores, terapeutas e médicos
do time chegam, a primeira providência é criar um ambiente seguro. Forma-se
então uma grande roda para os primeiros ritmos do dia. Durante esse trabalho, os
pedagogos de emergência percebem quais crianças estão mais apáticas, agressivas
ou inquietas.
Depois o grupo é dividido: uns vão desenhar, outros pintar aquarela, ouvir história, pular corda, fazer cama-de-gato, brincar de malabares… Alguns recebem atendimento individualizado, como massagens e deslizamentos rítmicos.
Depois o grupo é dividido: uns vão desenhar, outros pintar aquarela, ouvir história, pular corda, fazer cama-de-gato, brincar de malabares… Alguns recebem atendimento individualizado, como massagens e deslizamentos rítmicos.
Também faz parte do trabalho envolver os educadores da região, para que o
processo tenha continuidade quando a equipe vai embora, normalmente duas semanas
após a chegada. Os pais recebem suporte para entender o comportamento de seus
filhos — por causa do trauma, muitas crianças ficam agressivas, perdem o
apetite, não conseguem se concentrar, entre muitos outros sintomas normais nesse
tipo de situação.
Em uma década, já ocorreram mais de 50 intervenções de pedagogia de emergência,
em países como Líbano, China, Japão, Haiti, Nepal, Filipinas, Equador,
Curdistão/Iraque, Faixa de Gaza, Quênia, Quirguistão, Grécia, Eslovênia, Bósnia…
As ações internacionais são coordenados pela instituição Amigos da Arte de
Educar, sediada na Alemanha, que apoia iniciativas ligadas à pedagogia
Waldorf
em todo mundo.
ATUAÇÃO NO BRASIL
Em outubro de 2011, a pedagogia de emergência chega ao Brasil: acontecem os
primeiros seminários sobre a metodologia em Nova Friburgo (RJ) e em São Paulo
(SP). O terapeuta social e educador físico Reinaldo Gianfelice Nascimento fez a
tradução simultânea das palestras e, pouco tempo depois, recebeu um convite para
participar de uma intervenção no Quênia. Percebendo a importância do tema para o
Brasil, decidiu organizar um segundo seminário
Em 2012, Reinaldo Gianfelice Nascimento e outros profissionais interessados na
pedagogia de emergência decidiram se unir para estruturar um grupo de atuação no
país. Embora o Brasil não viva uma guerra declarada, milhões de crianças
enfrentam diariamente todo tipo de abuso e lidam com as terríveis consequências
de uma violência urbana que mata mais que o conflito sírio (a cada nove minutos,
uma pessoa é assassinada no país, de acordo com recente estudo do Fórum
Brasileiro de Segurança Pública). Isso sem contar desastres ambientais
provocados pelo homem, como o de Mariana (MG), que desestabilizam a vida de
milhares de famílias anualmente.
Esses fatores, muitas vezes somados a questões de vulnerabilidade social, geram traumas profundos, que exigem cuidado especializado.
Em julho de 2016, o grupo concluiu seu processo de formalização e deu origem à Associação da Pedagogia de Emergência no Brasil.
Esses fatores, muitas vezes somados a questões de vulnerabilidade social, geram traumas profundos, que exigem cuidado especializado.
Em julho de 2016, o grupo concluiu seu processo de formalização e deu origem à Associação da Pedagogia de Emergência no Brasil.
Hoje a principal frente de trabalho da associação é a capacitação de educadores
que lidam com crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social. Por meio
de seminários, palestras e workshops, muitas vezes realizados em parceria com
outras instituições, a equipe apresenta as características das fases do trauma e
demonstra os recursos da pedagogia de emergência.
Atualmente o time brasileiro, inteiramente formado por voluntários, busca apoios
e parcerias para atuar em novas frentes. Um dos objetivos é ter estrutura para
realizar intervenções após grandes catástrofes no país.
Também existe o plano de criação de um centro de proteção à infância, onde possa ser realizado um trabalho constante e direcionado a crianças e jovens com trauma crônico. O grupo ainda pretende ampliar a formação direcionada a educadores e cuidadores que atuam com esse público, oferecendo cursos de especialização que auxiliem esses profissionais a se fortalecer psicologicamente para lidar com as duras histórias que chegam até eles todos os dias.
Também existe o plano de criação de um centro de proteção à infância, onde possa ser realizado um trabalho constante e direcionado a crianças e jovens com trauma crônico. O grupo ainda pretende ampliar a formação direcionada a educadores e cuidadores que atuam com esse público, oferecendo cursos de especialização que auxiliem esses profissionais a se fortalecer psicologicamente para lidar com as duras histórias que chegam até eles todos os dias.
EQUIPE
TRANSPARÊNCIA
Fortalecer, por meio de recursos pedagógicos e terapêuticos, a resiliência em
crianças e jovens em situação de psicotrauma, vítimas de catástrofes, de
violência física e emocional ou em condição de vulnerabilidade social.
Ser reconhecida como referência em ações diretas e na disseminação de
conhecimento e metodologias que contribuam no processo de superação de
psicotraumas.
- Transparência e ética
- Respeito à diversidade cultural, de raça, gênero e credo
- Sustentabilidade
- Visão antroposófica do ser humano
- Conselho Diretor
- William Fernando Boudakian - Presidente
- Aline Moraes e Silva - Vice-Presidente
- Juliana Sartori - Conselheira
- Bianca Maidlinger - Conselheira
- Diretoria Executiva
- Aline de Moraes e Silva
- Conselho Fiscal
- Alexandra Panuzzi Pizzolato
- Conselho Consultivo
- Ana Lucia Andreucci da Veiga
- Melanie Gesa Mangels Guerra
- Regina Helena Ribeiro
- Associados Fundadores
- Reinaldo Gianfelice
- Paulo Roberto Vicente
- Juliana Sartori
- Bianca Maidlinger
- Aline de Moraes e Silva
- William Fernando Boudakian
- Rodney Cardinali
- Ute Else Ludovike Craemer
- Ana Lucian Andreucci da Veiga
- Eliana Maria Machado
- Melanie Gesa Mangels Guerra
- Adriana Peniche Papa
- Regina Helena Ribeiro
- Ana Lucia Andreucci da Veiga